A sorte sorriu para Sebastian Vettel justamente quando ele precisava. O alemão teve uma temporada bastante tumultada – com acidentes, problemas mecânicos e lances de puro azar. Depois que o motor de sua Red Bull explodiu na Coreia, parecia que as chances de título haviam acabado. Mas aí a estrela de Vettel finalmente brilhou. E brilhou forte. A corrida de Abu Dhabi foi exatamente como Vettel sonhava. Ele venceu, Alonso e a Ferrari se atrapalharam na estratégia, e a liderança do campeonato mudou de mãos no último momento. Vettel, um piloto que jamais havia estado em primeiro lugar na classificação geral, assumiu a ponta na hora certa. E se tornou neste domingo, aos 23 anos de idade, o mais jovem campeão mundial da história da Fórmula 1.
Corridas só acabam na bandeirada. E quem achava que Alonso já tinha o título nos braços – como eu, por exemplo – queimou a língua. Vettel mereceu o título, em que pese os erros que cometeu ao longo do ano e a superioridade de seu carro. O alemão foi, sem dúvida, o piloto mais rápido da temporada: não é à toa que conquistou dez poles em 19 corridas. Para Alonso, resta tentar de novo no ano que vem. Seu primeiro campeonato pela Ferrari foi exemplar, embora ele também tenha cometido alguns deslizes. Mas não deu para ser campeão, e não adianta culpar Petrov. Grandes pilotos também sofrem derrotas desse tipo. Certamente o espanhol não vai se deixar abater, e voltará mais forte ainda na próxima temporada.
Abu Dhabi: um circuito patético para uma decisão de campeonato
A corrida de Abu Dhabi não foi emocionante, mas teve altas doses de tensão. Um circuito como o de Yas Marina deveria ser proibido de receber um GP de tanta importância para o campeonato. E foi justamente o traçado ridiculamente travado que decidiu o título a favor de Vettel. Alonso, embora muito mais rápido do que Petrov, ficou mais de 40 voltas preso atrás do russo, sem uma única chance de ultrapassagem. Abu Dhabi, que deveria ser a obra-prima de Herman Tilke, se tornou o contrário: a principal mancha no currículo do arquiteto alemão. Um autódromo patético, em que ultrapassar é impossível e os pilotos apenas desfilam uns atrás dos outros.
Lá na frente, Vettel manteve o controle e venceu sem dificuldades, só perdendo a liderança quando Button demorou para ir aos boxes. Hamilton chegou em segundo – depois de também ficar uma eternidade preso atrás de Kubica – e Button veio em terceiro. Os três mais recentes campeões do mundo fizeram o pódio, formando uma imagem simbólica. O excelente Rosberg completou em quarto, seguido pelas Renault de Kubica e Petrov. Alonso não passou de sétimo, e ainda reclamou do russo na volta de retorno aos boxes. Uma atitudade lamentável, que não combina com um bicampeão como o espanhol. Petrov luta para permanecer na Fórmula 1 em 2011, e não tinha que abrir passagem para ninguém. Fez uma corrida perfeita, sem erros, e certamente ganhou muitos pontos com a Renault.
Diante de uma decisão como essa, o resto é o resto. Webber nem parecia que estava disputando o título e não passou de um apático oitavo, com uma performance realmente ruim. O australiano não mostrou nenhuma agressividade e finalizou o ano totalmente ofuscado pelo companheiro Vettel. Alguersuari pontuou em nono e Massa, também discretíssimo, concluiu a zona de pontuação. Barrichello fez a parada na hora errada e caiu para 12º, fora dos pontos, enquanto Di Grassi e Senna finalizaram a temporada em 18º e 19º, respectivamente. Vale registrar também o perigoso acidente de Schumacher e Liuzzi na largada, que poderia ter tido consequências mais sérias para o alemão. Por sorte, os dois saíram andando, num final que representou bem o que foi a temporada de ambos: uma grande decepção.
Alonso deixa título escapar com pit stop precipitado
Onde foi que Alonso perdeu o título? Na largada, quando foi ultrapassado por Button? No momento em que Rosberg, Petrov e companhia anteciparam a parada de pit stop? Nada disso. Alonso perdeu o título porque a escolha de entrar nos boxes mais cedo foi extremamente equivocada. A Ferrari temia que Webber superasse o espanhol nos boxes, só que esqueceu da incapacidade de Abu Dhabi de produzir ultrapassagens. De fato, Webber voltou dos boxes bem mais rápido do que Alonso, mas ficaria preso atrás de Petrov do mesmo jeito. Se tivesse se mantido na pista, Alonso teria ganhado terreno como aconteceu com Kubica, mas sem terminar a corrida atrás de Rosberg. Infelizmente para o espanhol, a Ferrari se precipitou e fez a parada antes do que deveria. Alonso voltou na cola de Petrov, mas não conseguiu passar. O título foi escapulindo lentamente pelos dedos, até que ficou claro que não daria mais.
Se não fosse a decisão do campeonato, o GP de Abu Dhabi teria sido um dos mais chatos dos últimos tempos. Como era a última corrida do ano – e haviam quatro pilotos na briga pelo título – a prova acabou se tornando nervosa e tensa. No fim, deu Vettel. Agora, como acontece em todo fim de temporada, a Fórmula 1 já começa a voltar as atenções para o ano seguinte. Em 2011, o principal desafio serão os pneus Pirelli, que substituem os Bridgestone e podem dar uma embaralhada na hegemonia do pelotão. Quem entender antes como aproveitar melhor os compostos italianos vai largar com grande vantagem. O ano que vem verá mais uma disputa acirrada entre as três equipes protagonistas de 2010 – Red Bull, McLaren e Ferrari – com a possibilidade de a Mercedes se juntar à turma também. Desde já, os fãs da Fórmula 1 já estão ansiosos para o próximo campeonato.
A seguir, a classificação final do GP de Abu Dhabi:
Já começou a contagem regressiva para o campeonato de 2011. A primeira corrida é o Grande Prêmio do Bahrein, no dia 13 de março. Faltam só quatro meses, e contando!
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