segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Em entrevista à Band, Dilma fala em mudança no reajuste do mínimo

A presidente eleita Dilma Rousseff (PT) disse em entrevista ao Jornal da Band que pretende manter o aumento do consumo, com a valorização do salário mínimo. Segundo ela, isso foi feito no governo Lula, com expansão do crédito e geração de empregos.

“Pretendo de forma sistemática valorizar o salário mínimo”, declarou. Questionada sobre percentuais para o próximo ano, uma exigência da oposição, adiantou que o assunto será discutido ainda neste governo.

De acordo com Dilma, a fórmula usada é a soma da inflação do ano mais o PIB (Produto Interno Bruto) de dois anos atrás. Pela conta, o reajuste em 2012 chegará a 12%, somando 5% de inflação com o PIB de 7% de 2010.

Porém, para 2011 com PIB de 2009 em 0% sobrariam apenas 5% de aumento, relativos à inflação. Dilma adianta que o governo está discutindo um acréscimo maior.

Acirramento da campanha
Perguntada sobre o acirramento das posições do PT e do PSDB durante a disputa eleitoral, a nova presidente garantiu que o escolhido deve governar para todos, inclusive para quem votou no rival. “Eu farei todo o esforço no sentido de reunir o Brasil em torno de um objetivo”, declarou.

Cargos
Dilma Rousseff repetiu o que havia dito na segunda-feira e reafirmou a intenção de nomear cargos de acordo com capacidades técnicas e políticas. Questionada sobre corrupção em sua futura administração, foi enfática: “quero deixar claríssimo para todos os que integraram o governo que não terei complacência, quem errar vai ser mais que afastado”.

Agricultura

A presidente eleita também falou sobre as suas propostas para a agricultura brasileira, em especial para o agronegócio, setor que mais produz excedentes para exportação. Dilma comentou o desafio de ajudar a ampliar a produtividade, conciliando a reforma agrária e as demandas ambientais.

Dilma destacou que o setor é estratégico para o crescimento econômico do país. “O agronegócio brasileiro é uma das áreas em que o Brasil demonstra grande competência, com o desenvolvimento e a apropriação de tecnologia de ponta”.

Dilma afirmou ainda que o agronegócio é um assunto central na competitividade do Brasil no exterior e que o país pode se tornar uma “potência alimentar”. “Temos grande capacidade de fornecer alimentos para o mundo”.

Para chegar a este nível, a presidente eleita lembrou o aumento do crédito agrário de R$ 20 bilhões para R$ 100 bilhões no governo Lula. “Mas isso ainda é pouco. Temos de criar novas coordenadas para o agronegócio, que não pode sofrer ameaças”.

Dilma comentou que a reforma agrária deve ser retomada, mas não de forma isolada, destacando as iniciativas de agricultura familiar, que segundo ela deram um salto no Brasil. “Não basta a reforma agrária, você tem de levar luz, propiciar renda e remuneração, para que a pessoa possa criar um tecido social”.

Ela também ressaltou que a reforma agrária não pode ser tratada como caso de polícia e sim um problema social. “Não é admissível que o Brasil deixe ocorrer outro Eldorado de Carajás e também não é admissível invasões de terras produtivas.”

Sobre as exigências ambientais, Dilma pregou equilíbrio. “O Brasil, ao contrário dos países desenvolvidos, tem na agricultura um de seus padrões de excelência”.

Ela também falou da dificuldade em explicar ao mundo que a floresta amazônica não vem sendo destruída pelas plantações de cana-de-açúcar para produção de etanol. “Eles não entendem que São Paulo dista da Amazônia assim como Lisboa de Moscou. O agronegócio tem bons padrões ambientais”.

Imprensa

Dilma Rousseff manteve a posição assumida em seu discurso de posse e se colocou contrária a qualquer tentativa de controle da atividade da imprensa. Porém, defendeu um marco regulatório para o setor. “Você vai ter que regular de alguma forma a interação entre as mídias. O problema do cabo, do sinal aberto, como junta isso com internet... isso o Brasil vai ter que regular minimamente.”

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