domingo, 10 de outubro de 2010

1º DEBATE do 2º TURNO

Dilma diz que campanha de Serra é feita à base de calúnias; para o tucano, a petista se “vitimiza”
Sob acusações e ataques, os candidatos à Presidência da República iniciaram o debate deste domingo, promovido pela Rede Bandeirantes. No primeiro confronto do segundo turno entre José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), a petista questionou Serra a respeito de sua campanha que, segundo ela, “usa o submundo”. Dilma disse ser vítima de acusações difamatórias e caluniosas vindas do partido tucano e de seu vice, o deputado Indio da Costa (DEM).

Serra, em sua resposta, afirmou que Dilma se “vitimiza” e que ele também foi vítima da campanha da petista. “Tenho recebido muitos ataques a mim, a minha família, amigos. Nós temos uma campanha bem orquestrada e somos responsáveis por aquilo que pensamos e falamos, a população cobra programa de governo e também conhecimentos a respeito dos candidatos, quer saber o histórico, as posições”, disse Serra. Ainda segundo o candidato do PSDB, Dilma não mostra suas posições e não deixa clara sua posição sobre o aborto.

Serra citou ainda o escândalo na Casa Civil, que levou à demissão da ministra Erenice Guerra, e disse que no início das acusações, a petista se referiu ao caso como uma “campanha orquestrada”. Dilma se defendeu dizendo que o governo Serra “está dando os primeiros passos para ser enquadrado na Lei Ficha Limpa devido às calúnias usadas em sua campanha”.

Acusações

A petista lembrou que as acusações feitas pelo tucano em relação aos episódios da quebra de sigilo de pessoas ligadas a ele e ao seu partido renderam ao tucano um processo no qual ele é réu. Em relação ao aborto, Dilma afirmou que foi no governo do tucano em São Paulo que foi regulamentado o acesso à cirurgia pelo SUS e que, para ela, o tema deve ser tratado como questão de saúde pública. “Entre prender e atender, eu prefiro atender”, declarou a candidata.

Dilma terminou o seu tempo questionando Serra sobre o caso de seu ex-assessor Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, que, segundo ela, teria desviado mais de R$ 4 milhões da campanha do tucano.

Educação

Os candidatos falaram ainda sobre as questões que acreditam ser prioritárias em seu mandato, caso eleitos. Para Serra, entre as questões básicas que devem ser debatidas está a educação, que está ligada ao futuro. “A saúde e segurança têm a ver com a vida, e educação com futuro”. Serra explicou que pretende oferecer incentivo aos professores, colocar duas professoras em sala de aula e investir no setor.

O tucano Serra afirmou que a educação não é satisfatória no país e afirmou que vai focar no ensino técnico e vai criar um milhão de vagas neste sistema.

Distribuição de renda

Dilma Rousseff (PT) por sua vez, apostou na distribuição de renda e afirmou que o Brasil deve continuar mudando e crescendo a taxas elevadas. Segundo ela, o investimento maior deve ser no brasileiro. “O Brasil só tem futuro pensando nas pessoas“, disse.

A candidata falou ainda que “erradicar a pobreza é um elemento fundamental” e falou sobre resultados do governo atual. “Tiramos 28 milhões da miséria, falta ainda tirar uns 15 milhões, isso é possível. Quero um país de classe média, e isso só se é possível com educação”. A petista também citou investimentos nos professores e profissionais do setor e criticou a aprovação automática. “Acredito numa educação com valores humanos, com valores para o Brasil”, finalizou.

Segurança

Os candidatos também falaram sobre segurança pública. Serra afirmou que pretende criar o Ministério da Segurança e enalteceu números do governo do PSDB em São Paulo. Dilma relembrou os ataques feitos pela organização criminosa PCC ocorridos na capital paulista e disse que o Estado não permitiu a transferência dos criminosos que fariam parte do grupo aos presídios de segurança máxima.

Serra, por sua vez, disse que “nos últimos anos não houve nada de rebelião, não houve nada significativo, o índice de homicídios caiu 70 % nos últimos dez anos, porque São Paulo construiu uma polícia efetiva”, declarou. O tucano ainda atacou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dizendo que trata os países que fazem o contrabando de drogas a “pão-de-ló”.

Em sua tréplica, a petista afirmou que “a primeira experiência bem sucedida é que o governo Lula fez a parceria entre governo federal e estadual, pois a questão da segurança até então só afetava os governos estaduais”. Dilma, por fim, fez ataques ao governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, dizendo que não foram feitos investimentos no setor nos oito anos do governo do PSDB.
No segundo bloco, Dilma e Serra trocam acusações sobre privatizações
Os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) trocaram acusações sobre a privatização de estatais durante o segundo bloco do debate da Band, realizado na noite deste domingo.

Ao comentar o processo de capitalização da Petrobras, a petista declarou que o governo liderado por Fernando Henrique Cardoso perdeu participação na empresa. Serra rebateu dizendo que “o PT volta sempre com essa história” em época de eleições, acusando a administração de Luiz Inácio Lula da Silva de “desnacionalizar os proprietários do Banco do Brasil” ao colocar ações da instituição na Bolsa de Nova York.

Em seguida, Dilma declarou que o adversário “tem mil caras”, questionando se os tucanos são a favor da privatização do pré-sal, que classificou como uma “riqueza do povo brasileiro”. Serra disse ter uma “relação especial com a Petrobras”, e alegou ter lutado pelo fortalecimento da estatal quando líder estudantil e quando ministro do governo de Fernando Henrique.

A petista prosseguiu seus ataques afirmando que ex-presidente tucano declarou que Serra lutou pela privatização da Vale e que o governo atual recebeu a Petrobras em situação “bastante difícil” devido à falta de investimentos em refinarias. Serra defendeu a privatização da Vale, declarando que a empresa se valorizou com o processo.

Para o tucano, sem a privatização da telefonia, o Brasil seria ainda o “país do orelhão”. “O meu Brasil é o da banda larga, barata e com capacidade”, rebateu a petista. Serra acusou Dilma ainda de não explicar seu envolvimento com a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra e falou que membros ligados ao PT estariam utilizando estatais para proveito próprio. “Vou reestatizar os Correios, a Caixa Econômica Federal. Hoje elas servem a amigos e companheiros”, disse.

Os dois candidatos discutiram também a questão das santas casas e dos hospitais filantrópicos. Segundo Serra, o governo atual abandonou programas criados no governo anterior para o setor. Dilma declarou que pretende, se eleita, fazer uma avaliação das dívidas das santas casas e criar mecanismos de refinanciamento, apontando que o problema viria de governos anteriores.

Sobre o aborto, a petista criticou a esposa do adversário, Monica Serra, por declarar que a petista é a favor à morte de crianças. “Esse país não tem ódio religioso, não tem ódio étnico. Repudio essa campanha que está sendo feita,” disse.
Candidatos debatem privatizações e genéricos no terceiro bloco
No terceiro bloco do debate realizado neste domingo, os candidatos Dilma Rousseff (PT) seguiram discutindo privatizações. A candidata do PT ataca o adversário em relação à venda de empresas durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Serra, por sua vez, defende privatizações na área de telecomunicações  e a venda da Nossa Caixa para o Banco do Brasil.

Em sua primeira pergunta, Dilma perguntou ao rival quantas privatizações foram feitas na época que era ministro do Planejamento. Serra atacou a adversária dizendo que ela já teria elogiado a privatização no setor de telecomunicações.

“Se não fossem as privatizações, o Brasil seria um Brasil de orelhão”, disse. O tucano disse ainda que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva seguiu a politica anterior e subsidiou privatizações.

Nossa Caixa

Dilma, por sua vez, respondeu que o candidato tucano não respondeu a sua pergunta e fez acusações sobre as privatizações do governo FHC. “Nós financiamos empresa brasileira, vocês financiavam grupos estrangeiros com dinheiro público do BNDES para comprar o patrimônio público brasileiro. Lamento muito que estas questões não tenham sido colocadas de forma clara aqui”.

O tucano defendeu a venda da Nossa Caixa para o governo federal e afirmou que os recursos obtidos “foram investidos em metrô, em estradas, estradas vicinais, em nenhum momento cogitei em vender [a Nossa Caixa] para empresas estrangeiras”.

Serra voltou a acusar a petista de mentir no debate e disse ainda que ela estaria “dizendo isso para depois gravar e botar no horário eleitoral”.

Saúde pública

Os candidatos debateram ainda questões ligadas à saúde pública, como os medicamentos genéricos. Em sua pergunta, Serra afirmou que em sua gestão frente ao Ministério da Saúde foi implantado o genérico no Brasil “estima-se que a população economizou R$ 15 bilhões com genéricos”, disse. “O que acontece agora é que a Anvisa demora três, quatro vezes mais tempo para aprovar os genéricos, por que?”, questionou.

A petista respondeu dizendo que Serra estaria “enrolando”, pois “aumentou a produção de genérico no Brasil, são dados oficiais que comprovam isso”. Dilma também defendeu a continuidade de “bons programas” e acusou Serra de interromper projetos do governador Geraldo Alckmin. “É claro que nós ampliamos a produção do genérico, porque quando consideramos que uma coisa é boa, a gente não interrompe” afirmou.

Loteamento

Serra, na tréplica, afirmou que não foi entendido em relação à sua pergunta. Segundo ele, a Anvisa triplicou o tempo de aprovação de novos medicamentos genéricos porque foi “loteada politicamente”.  O tucano afirmou que com isso, há mais lentidão nos processos dentro da agência.

O candidato do PSDB disse ainda que a prática de empregar amigos foi comum no governo Lula e citou o caso da ex-ministra Erenice Guerra, que foi indicada à pasta por Dilma. A petista, ao fim do bloco, afirmou que é contra a prática de loteamento e disse que falaria sobre o caso Erenice no bloco seguinte.

Serra acusa Dilma de esconder Collor e Sarney; Dilma rebate com Alckmin

No quarto bloco de debate da Band, o candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, afirmou que a adversária petista, Dilma Rousseff, não cita os ex-presidentes Fernando Collor (PTB) e José Sarney (PMDB) como seus aliados de campanha. Já Dilma disse que o tucano não deu continuidade a programas de Geraldo Alckmin (PSDB) ao assumir o governo de São Paulo.

“Ela tem dois ex-presidentes com ela, que ela não fala, o Collor e o Sarney, e eu, Itamar [Franco] e o Fernando Henrique [Cardoso]”, declarou Serra.

Na réplica, Dilma disse que o rival descumpriu o compromisso de não deixar a prefeitura de São Paulo para disputar o governo do Estado e o acusou de, após ser eleito governador, não prosseguir com os programas sociais do de Alckmin. Serra, na tréplica, disse que Alckmin é seu amigo e sugeriu que “perguntem a ele quem ele acha que deve ser presidente.”

A troca de acusações teve início após Dilma questionar se Serra pretende, se eleito, dar continuidade aos programas sociais do governo Luiz Inácio Lula da Silva, como o Minha Casa, Minha Vida. “Vou continuar tudo o que deve ser continuado”, disse o tucano, negando que tenha feito críticas à iniciativa.

Os adversários discutiram também sobre a questão dos portos e aeroportos no país, classificado como um dos “mais atrasados” no setor por Serra. Segundo Dilma, os problemas tiveram origem no governo de Fernando Henrique. “O governo do qual o senhor foi ministro parou de investir no setor. Nós corremos atrás”, declarou, citando o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

O tucano rebateu a crítica, afirmando que a administração liderada pelo PT “teve oito anos para continuar expandindo os aeroportos” e defendeu sua atuação como ministro do Planejamento. “Infrestrutura se resolve não com saliva, mas com investimento.” Para Dilma, os aeroportos estão movimentados atualmente porque agora mais gente viaja de avião. “Antes só os ricos viajavam de avião”, declarou, propondo que, se eleita, vai mudar a gestão da Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária).
Dilma quer campanha limpa; Serra usa biografia em último bloco
Depois de debate marcado por acusações e alfinetadas, os candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) fizeram as considerações finais no quinto e último bloco do debate promovido pela Band neste domingo. Dilma ressaltou uma “campanha limpa” e fez comparações entre o governo Lula e FHC.
Serra, por sua vez, deu ênfase à sua biografia política.

A petista disse que não fez “campanha baseada no ódio e respeitei a tolerância que é a maior virtude do povo brasileiro”. Além disso, ela afirmou lamentar “os momentos em que essa campanha baixou o nível e usou de calúnias para me atacar”, completou.

A candidata ainda comparou os governos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, e pediu para o eleitor comparar um país com “muitas privatizações, taxa de crescimento baixa, rendição ao FMI” com “um governo de 14 mil empregos, que fez o Brasil crescer”. Ela ainda prometeu investimentos na saúde, educação e segurança pública.

Por fim, disse estar preparada e pediu votos, em especial, às mulheres.

O candidato José Serra usou sua trajetória política para defender sua candidatura. “Ofereço minha biografia”, disse. O tucano afirmou ainda que fez muito pela vida pública, e disse que ocupou cargos que vão de deputado a governador.

Serra também prometeu dar continuidade aos bons programas do atual governo e afirmou que o Bolsa Família começou a ser implantado no governo Fernando Henrique Cardoso. Entre suas promessas, o tucano disse ainda que vai “eliminar atrasos” na saúde, segurança e educação.

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